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O folclore em torno da figura de Kaspar Hauser leva-nos, como convém, por inúmeros caminhos - de maus tratos familiares, passando pela vingança que se abate sobre sangue impuro, ao rapto por extraterrestres e posterior abandono.
Então, não passaria pela cabeça de ninguém mencionar algo como ascendente tecnológico, e logo remeter para certas experiências de corpo e alma.
Supremacia, só pelo acesso ao divino. Alguns queriam compreender, outros eram compelidos a ensinar. No restante, campo aberto a perder de vista.
Ou uma fraude? Do muito pouco ao nada de nada?
O facto histórico:
No dia 26 de maio de 1928, um jovem adolescente apareceu em Nuremberga, tendo como única posse uma carta dirigida ao capitão von Wessenig. O à data comandante do 4° esquadrão do 6° regimento de cavalaria fez o que tinha de fazer: encaminhou o jovem para as autoridades municipais. A (breve) saga terminou 5 anos depois, com o assassinato dr Kaspar, apunhalado por um desconhecido. Ali perto, uma bolsa com uma nota ininteligível. Kaspar sabia quem o tinha feito e onde este se encontrava. Que o próprio autor se denunciaria. Terminava com a assinatura, as iniciais: M. L. O.
Werner Herzog segue de perto os acontecimentos comummente aceites, mas presume de um contexto que lhe serve o propósito. A contemplação abissal de uma vida construída sem referências. O mistério da formação. Procedimento observado in loco.
O Kaspar de Herzog não é louco, não é um pobre de espírito, apesar de parecer ambos. É um sonho vivo. Rebelde em causa, suportado unicamente nos elementos constitutivos. Portanto, um criativo sem vícios. Um dentro de si aberto para um mundo hostil.
Uma singularidade desnudada à nossa frente. Excesso luminoso que provoca lágrimas de espanto: as de Kaspar não nos largam porque são o reflexo das nossas.
Sim, é possível de visualizar - o interior da humanidade escondida (representado por visões tão particulares quanto clarividentes) não é menos enigmático do que a consequência da dobra total do tecido do Cosmos.
Sem quaisquer equipamentos, basta uma predisposição ilimitada.
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