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O exato momento da descoberta do amor distingue-se de todos os outros.
É uma singularidade que aparenta estabelecer novas regras, quando simplesmente as anula.
Em rigor, não há antes nem depois - resta o durante. Um contínuo harmonioso para lá do tempo.
Nada o antecipa verdadeiramente, não se constrói pela palavra, não há actos que o robusteçam nem forças que o constituam, ações contrárias podem ter resultados idênticos, não tem uma existência formal pelo que não nos podemos deslocar na sua direção.
É puramente acidental, e tal como não morremos todos num incêndio ou num choque em cadeia, nem todos o encontramos. Alguns de nós vão morrer de velhos sem conhecer o amor.
É tão provável que aconteça ao adúltero como ao fútil. Não regista atividade, não cria precedência, não separa o justo do injusto. Se houvesse a necessidade de uma condição moral, estaria sempre vedado ao fútil.
Os que virem Les Amants com olhos de ver e aceitarem Brahms com ouvidos de ouvir (sem opor qualquer resistência, quer dizer), já não morrem sozinhos - e no fim vão poder dizer que não viveram em vão.
Por que raio funciona melhor na negativa? Isso não sei.
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