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A honestidade de um filme também se pode medir por pequenas coisas; por exemplo, a forma como se apresenta:
"Eu caminhei com um zombie. Que coisa tão estranha de dizer..."
Caminhei com, andei com, acompanhei um.
E foi mesmo assim. Ela acompanhou um zombie - na expetativa de uma recuperação física e mental impossível.
Para que alguém se torne num zombie, antes é necessário que morra. Dessa morte, uma espécie de vida...na morte.
Mas há um caminho alternativo? Direto e que não passe pelo fim último? Último?
Sim, através da feitiçaria, desde que na origem haja um amor maldito.
Não que seja pecado mortal, pois nenhuma paixão verdadeira o é, por definição. Mesmo as doentes. E principalmente as loucas.
A expressão dessa poesia perdida de amores pode ser simples, e através de olhares estranhos, mas é na exposição da sua convulsão trágica e posterior símbolo - recomenda-se a pintura e a estatuária - que a podemos circunscrever.
Ou a compreensão total ou nada? Vale a tentativa. Neste e em todos os filmes do género - os que importam.
Escusado será dizer que amantes amaldiçoados só se libertam pela morte, e o zombie, mesmo morto, ainda é a memória em vida desse impedimento definitivo.
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Morrer e não morrer...em simultâneo.
Enfim, não há maior tragédia do que a contemplação de um morto-vivo. Ou de um vivo-morto - que os temos de todos os modos e feitios.
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