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Num mundo que parece dividido entre moralistas e acagaçados, não admira que um filme como Babylon esteja a ser tão maltratado. Em tempos, alguém perguntou se queriam novela, hoje já não a suportamos. Pois se é para isso, então, apareça o que aparecer, que venha com tudo acoplado. Antes assim.
Pelo menos, as personagens são como sonhamos (e também nos dizem os livros, já agora) as verdadeiras personagens. São assim e assado conforme as circunstâncias, agridem, excedem-se, vivem, nem sempre sabem o que fazer, mas fazem sempre, e a maior parte das vezes o que lhes vai na alma.
Pelo menos, não tem medo da duração. Dura tão somente o que tem de durar. Por outras palavras, dura 190 minutos e não dura assim tanto…
Pelo menos, e na ausência de respostas, fica a perplexidade. Mas também fica o olhar marejado de lágrimas, porque há uma memória que perdura.
E, ainda, porque: se um filme é uma obra de arte em potência, e se fabrica imagens em movimento, então é a hipótese múltipla de uma linguagem que verte para sentidos disponíveis, numa conjugação de modos que criam modelos, porventura, irrepetíveis. O olho como porta de entrada, o cérebro que, após a sequência final, permite escancarar a boca de espanto para a vertigem do abismo.
Sonho acordado com o seguinte princípio:
Qualquer algoritmo colapsa no instante em que a consciência se depara com um fator inesperado.
Ponto de fuga arbitrário na interseção vazia de dois ou mais conjuntos, digamos. Ou: memória vaga cujos contornos são adaptáveis, enquanto ideia ou conjunto de ideias, a circunstâncias imprevistas e não correlacionáveis matematicamente. Aquele ponto em que a seguir a uma canção absolutamente regeneradora (de e por Novos Românticos que agem e se vestem e pintam como tal) aparece um vídeo com os 45 golos que um tal de Rodrigo marcou no Benfica e não conseguimos parar de rir.
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