Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Amigos de longa data, depois de muitas conversas (i.e., deliciosamente repetitivas), assim que terminam os argumentos e começam as perguntas, acabam por nos colocar inevitavelmente em posições delicadas. Digamos: A canção mais bem escrita - de sempre? Ponho de lado os intuitivos Dylan e Cohen, por razões ainda mais intuitivas. Que uma lista ou uma simples escolha remetam com o máximo requinte para o imaterial da consciência, o ponto onde a parcialidade se torna intocável sem ser… óbvia. Como o tempo não é muito – olhares inquisidores perscrutam, querem sangue; como os adoro! – tenho de ser denso e célere por igual. Imagino uma cascata suave, água límpida e sem espuma. Nick Drake, Bowie, Heroin, The Great Valerio, mais para trás, … claro, Love!
You Set The Scene.
Um dos documentários mais notáveis (e há uns quantos) sobre o cinema de John Cassavetes tem como sugestivo título: A Constant Forge. Nada mais indicado para começar uma qualquer conversa sobre o actor/realizador desaparecido há 31 anos. Não é preciso que seja longa.
Opening Night (1977)
Do fogo, no fogo e para o fogo. A expectativa sinistra que, afinal, denega e transforma em farsa obsessiva? O mal-estar do produtor e da dramaturga valem por 1000 milhões de sorrisos? Não, nada disso – para o fogo, não se esqueçam. E sim, claro que sim. A farsa é a explosão necessária e consequente. A resistência possível, digamos. Teatro de um teatro que o cinema filmou. Portanto, ficção da ficção da ficção. Tudo o resto era impraticável, por demasiado doloroso.
A exaltação da perda, lirismo que a harmonia permite e que a imagem torna tantas vezes intolerável, é uma das grandes vantagens da escrita de canções pop-rock. Por via da música a tristeza testa os limites do insondável, é triste mas tem ritmo, pelo que nunca é verdadeiramente trágica, é suficientemente bela para que se queira viver nas suas margens. Senão para sempre, pelo menos naquele instante em que ele caminha, deixando para trás a dormência daqueles dias… A não-querer precisamente o que queria que durasse para sempre.
A voz enquanto voz, e a voz como instrumento de percussão.
Um acordar repentino, quando a voz do sonho ainda se ouve... musical e incognoscível.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.