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O doce sabor da melancolia facilmente se confunde no espírito com a profundidade de uma respiração candente, ou seja, (pres)sente-se como substância, mescla de gases e energia.

Uma vez que trabalha na mente, corre-se o risco do não reconhecimento imediato ou da confusão entre os estados físicos em causa. Mais ou menos assim: sim, roça no paladar e (é) sólido e (é) suave e pouco denso e sabe a algodão doce, e parece algodão doce.

Mas mesmo o sólido de baixa densidade torna a respiração impraticável. E a doçura não suaviza a opressão da asfixia.

A melancolia, não raras vezes, começa por ser melíflua (o que, nas condições ideais / desejáveis, quer dizer bela), especialmente na mente expedita, porém só é benéfica nas seguintes condições, não necessariamente mutuamente exclusivas:

(Pelo prático) se for assumida com responsabilidade;

(Pelo sonhador) se for aceite sobretudo no limite das suas consequências.  

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publicado às 11:39

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publicado às 15:05

Elza Soares

por slade, em 17.09.19

Tem, eventualmente, 82 anos, pois as fontes divergem (alternam entre os 82 e os 89 anos).

Teve 8 filhos de parto natural (6 rapazes e 2 raparigas), dos quais perdeu 4, 2 recém-nascidos por malnutrição, 1 ainda criança, aos 9 anos, e outro com 59 anos.

Uma das suas filhas foi raptada com apenas 1 ano, em 1959, e só em 1990 foi encontrada.

Casou com Mané Garrincha, com quem manteve uma relação turbulenta em que, como seria de esperar, afinal era a reunião entre o Anjo das Pernas Tortas e a mais famosa e rebelde representante do Planeta Fome (https://www.instagram.com/p/B17Mcd8h4-F/), farsa e tragédia intercalaram durante 20 anos.

Agora, aos [82;89] anos lançou novo álbum - e é actual, emocional, revigorante, enfim, prodigioso.

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publicado às 09:54

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publicado às 15:06

Gregg Araki e o fim do mundo.

por slade, em 12.09.19

Gregg Araki foi o primeiro a perceber a estrita relação que existe entre a adolescência e o fim do mundo. Relação sem equívocos, que prescinde da ideia de Futuro. Só aos jovens é dada a prerrogativa de viver sem planos.

O que antes era uma rebeldia inespecífica, sem definição, notabilizada (e arrumada) na sentença: 'rebelde sem causa', nos filmes de Araki ganha ao menos uma direcção, já que não pode ter sentido. O abismo das emoções.

E como ninguém estava atento, foi tão longe quanto possível.

Ainda hoje inspira temor.

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publicado às 11:39

Dolor y Gloria de Pedro Almodóvar

por slade, em 10.09.19

Dolor_y_gloria.jpg

Quando se olha para a já longa carreira de Pedro Almodóvar fica a estranha sensação de que só funciona bem se encostado a dois limites: a disfunção e a 'confessionalidade'. Limites, enfim, extremos que cansam facilmente. A disfunção porque facilmente entra numa espiral de repetição que lhe retira a robustez, mesmo que se mantenha uma conjuntura favorável ao ideário em causa; e a confissão porque facilmente se esgota, uma vez que desabe no sorvedouro do ego, quando os outros sentem que já se disse tudo, mesmo que para o sujeito (o referencial) muito ou quase tudo tenha ficado por dizer (a eficácia da confissão depende sempre de uma dinâmica forte, i.e., por outras palavras, da relação de proximidade com o contexto externo).

Daí a estranha sensação que a obra de Almodóvar provoca, pois na aparência funciona em sentido contrário. É precisamente quando Almodóvar tenta o passo para a autoria, distanciando-se de si e do seu sentido de caos muito próprio, parte intrínseca, coice rebelde da sua homossexualidade expansiva à mui conservadora Espanha do início dos anos 80, que os seus filmes falham (veja-se com alguma atenção filmes como Tacones Lejanos, Kika ou Os Amantes Passageiros, e compare-se o resultado com, por exemplo, Que fiz eu Para Merecer Isto?, A Lei do Desejo, Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos, Tudo Sobre a Minha Mãe e La Mala Educación (quiçá o seu melhor filme até Dolor y Gloria)).

Dolor y Gloria, depois de uns quantos tiros falhados (com o já referido Os Amantes Passageiros e La Piel Que Habito à cabeça; o primeiro, comédia vazia em que apenas se confunde o momento engraçado disperso com ter piada ao longo de 90 longuíssimos minutos, talvez o filme menos conseguido da filmografia de Almodóvar, e o segundo, homenagem falhada ao cinema de horror série B, que ainda por cima tão bons resultados havia dado num dos filmes ali citados, Les Yeux Sans Visage, de Serge Franju, tornando a fragilidade de La Piel…, por comparação, demasiado evidente), é o regresso do melhor Almodóvar confessional.

É certo, sempre que Almodóvar regressa à infância e, por supuesto, à vilória onde pela primeira vez (se) sentiu a força do desejo, está no caminho certo. Também quando a elipse é uma porta aberta para a sinceridade ardente, quando o beijo irrompe sôfrego (e quantos de nós assistiram ao primeiro beijo gay em A Lei do Desejo), quando a dor se sobrepõe à glória da forma mais conveniente (e convincente), ou seja, a cor viva prevalece na intimidade que não esquece onde tudo começou – a cal branca da interminável parede contínua da aldeia como o ecrã onde mais tarde a dita dor se esbaterá numa memória eventualmente construída e alinhada pelas conveniências da ficção, que assim a tornará lenda.

Resumindo, eis a condição inabalável do classicismo; ponto nevrálgico que Almodóvar, por mais quedas que tenha dado e venha a dar, com Dolor y Gloria definitivamente atingiu.        

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publicado às 14:45

Quanto mais se sabe sobre...

por slade, em 09.09.19

...Stephen Bannon e Dominic Cummings e da magnitude do seu poder de infuência sobre as massas, menos se pode confiar no discernimento dessa nobre entidade abstracta chamada povo. 

Será esta a última das ironias (ou antes, a última das últimas das ironias?), isto é, o dito povo vai voltar a entregar a democracia, por voto expresso, a alguém cujo objectivo explícito é o poder absoluto (agora tendo como espelho um livro absurdo de uma tal de Ayn Rand e o que ocorre nos vales do silício), quase 90 anos depois de 1933?

A quantas mais ironias sobreviveremos? Infinitas, a acreditar em Nietzsche e em Rust Cohle (hoje por hoje, o discípulo mais famoso do mestre alemão).

Talvez no papel, não na vida vivida.

O que nos resta, então?

A individualidade responsável (!), apetece gritar.

-

Enfim, ao agregar duas melodias que lhes não pertenciam (e o instante da fusão entre as duas é por si só um tratado!), os Soft Cell, quem sabe se sem querer, já diziam tudo o que havia a dizer.

Foi há 38 anos.

    

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publicado às 11:18

A notícia na Folha de S. Paulo
 
 
'Ela é feia mesmo', diz Guedes sobre mulher de presidente da França.
 
(Guedes, é Paulo Guedes, Ministro da Economia do Brasil)
___________________________________
 
O comentário na Folha de S. Paulo
 

1) ISABELE HARUNA ONO ZAMARO

Meu Pai Jesus amado. Socorro. Anteontem estava ruim. Ontem estava péssimo. Hoje é repugnante. Imagine amanhã ????

 

2) MÁRCIA MEIRELES

Há 1 hora

Grosso, mal educado, sem noção.

___________________________________

Não se supunha, nos tempos pós-modernos que nos couberam viver, a seguinte ordem (?):

1- Figura socialmente relevante diz qualquer coisa. Jornal transmite. O modo é, enfim, minimamente sensato.

2- Cidadão responde de forma obscena na caixa de comentários.

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publicado às 14:59

Saudemo-lo enquanto vive.

Sete anos depois, tem um filme novo.

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publicado às 11:58

O óbvio:

2001: A Space Odyssey

Os outros:

A) A curiosidade: Europa Report

B) O noirOutland

C) O deliciosamente datado: Journey To The Far Side Of The Sun

D) O circunspecto: Silent Running

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publicado às 11:48

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