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publicado às 14:35

Woodstock - efectivamente!

por slade, em 16.08.19

Não é fácil homenagear o que não se viveu, sendo que a especificidade da experiência in loco é, segundo dizem, parte ineludível do processo.

Foi há 50 anos, e o mundo a partir daí passou a dividir-se em dois: os que aceitam com emoção o simbolismo do momento, mesmo se com a consciência de que se assistia ao fim de uma era, e os que, abjurando toda uma época, talvez a única dos ditos tempos modernos onde o valor primordial da inocência prevaleceu como regra (por outras palavras, a aceitação de que existe um desígnio benigno para o indivíduo, que só assim, em profunda comunhão com o outro, pode reencontrar a essência), se decidiram pelo impudor.

Não o vivi, é certo, mas sei que tudo, ou quase tudo, aquilo em que acredito e me fascina não seria possível sem aqueles anos gloriosos. Refiro-me ao existencialismo céptico pós-Easy Rider, de que Easy Rider é, de resto – truísmo que importa certificar –, o primeiro sintoma. E falamos de sintomatologia repentina e impetuosa. Apesar do contexto indulgente, bastava olhar para cima para avistar as nuvens negras, Easy Rider foi tão-somente o sublime consumar da tempestade perfeita. Sublime, pois foi executado por quem era parte intrínseca e, apesar de tudo, a cavalgar a onda inspiradora. Todas as épocas, mesmo as de profunda rebeldia, têm os seus rebeldes.

Em Woodstock, que ocorreu um mês depois da estreia de Easy Rider, tendo chovido imenso, ainda se simulava olhar para outro lado, onde o Sol apenas nascia ou se punha num céu sem nuvens, ou com as nuvens suficientes no horizonte para aprimorar o quadro.

 

Como princípio (se fosse necessário um): se os sessenta não tivessem arriscado tanto como arriscaram (não há sonho mais púdico – no sentido de virtuoso – que o flower power), os setenta não tinham sido o que foram. Pessimistas, sim, contudo (ainda) impregnados de lirismo. Não necessariamente um corte, antes um complemento necessário. Não há uma cissura geracional, há um desvanecimento, irmãos com educações semelhantes que se vão dispersando.

Caso vos tenha passado despercebido, desde o século XIV que sabemos que até uma descida aos infernos pode ser fascinante, para isso basta que mantenha inviolada a sua poesia íntima. Aliás, reportando-nos a um certo caso dos idos de 1320, não só encanta, como é a melhor parte da história.    

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publicado às 10:32

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publicado às 15:41

Apocalypse Now -The Final Cut

por slade, em 09.08.19

https://www.theguardian.com/film/gallery/2019/may/30/the-horror-apocalypse-now-unseen-in-pictures

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O filme começa quando acaba a guerra - ou, como disse certo dia Baudrillard, um é uma extensão inevitável da outra, que permite a vitória inexorável?

Sim, para sempre, com as cores vivas do grande espectáculo!

Obviamente, como diz Coppola, não é um filme anti-guerra. Em certo sentido é até o seu contrário.

Exemplo:

Isso, mas também o espelho em que o americano médio (vá lá, o ocidental médio) terá de se mirar pelo menos uma vez. A violência exuberante nos filmes de Quentin Tarantino exige algo de muito semelhante.

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publicado às 11:13

Bowie really had it.

por slade, em 07.08.19

https://www.theguardian.com/artanddesign/2019/aug/06/terry-oneill-best-bowie-shoots-david-never-needed-coaxing

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publicado às 10:48

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Bob & Carol & Ted & Alice, a obra mais famosa de Paul Mazursky, produzida nos idos de 1969, marcou uma época.

Foi a primeira vez que uma produção dita convencional, protagonizada por uma superestrela e distribuída por um dos principais estúdios (a Columbia Pictures), falava abertamente de infidelidade e troca de casais. A superestrela, Natalie Wood, boneca doce com supertalentos – não confundir com superpoderes, pois nunca tal figura poderia ter usado uma capa e insinuado a redenção de um mundo falsamente esperançoso.

Filme de actores, para os actores, quer dizer, e fiel aos seus princípios, têm o seu primeiro grande momento aquando da primeira referência à infidelidade. Bob, num acesso de dignidade cool na aparência longe de qualquer culpa remissiva, o que é em si um twist, comunica a Carol, a mulher, que teve um caso com uma assistente durante uma breve estadia em San Francisco. Físico, estritamente físico, refere, ainda assim. A resposta de Carol (a nossa, tanto nossa, Natalie) é desconcertante. Não aceita simplesmente, nem normaliza, antes exibe felicidade na felicidade do outro. Não há um único momento naquele campo /contra-campo que não jogue com as seguranças (expectativas) do espectador, invertendo-as como se desse diálogo emanasse uma substância-metáfora que nunca é amarga – isto sem que adultere os seus compostos naturais. Palavras, gestos e movimentos que terminam em sexo.

Por outro lado, é difícil reagir com firmeza ao final.

Anda por lá um outro casal, que sabendo o que se passa não sabe o que fazer com, digamos, essas peculiaridades recém-descobertas nos amigos. O filme dá umas quantas voltas, até que os quatro aproximam atitudes e decidem, durante uma viagem a Las Vegas, fazer…uma orgia a quatro.

E o filme vai nesse sentido – para onde, aliás, sempre parecera dirigir-se: alguns belíssimos planos em velocidade reduzida (câmara-lenta em absoluto sincrónica), o longo beijo entre Ted e Carol (Natalie Wood seminua de costas), olhares indefinidos, talvez expectantes de agitação.

Eis quando – ao que tudo indica, pois no imediato temos de confiar nas imagens – atalham caminho e a situação fica por ali. Levantam-se, vestem-se e vão para um concerto de Tony Bennett.

Ok, o que fazer então deste final?

Falta de coragem do realizador – dos produtores? Humanização das personagens – que tal como a maior parte dos que vivem, de onde muito naturalmente irradiam, só muito raramente optam pelo limite máximo (do género, para quê levar até ao fim algo que durará um segundo e unicamente vai servir para espicaçar a amizade até à sua mais do que certa destruição) –, ainda assim, clímax anticlimático que impacta com violência no espectador? Sublime reverso dos mecanismos de expiação, pela delação por via narrativa das vontades ocultas do espectador, já feito voyeur? Enfim, houve sexo – alguma elipse tão subtil que nos escapou?

Porque resta apenas espaço vazio, de intolerável acidez, no tubo gástrico?

Lá está, com a devida licença: não foi você que pediu um final ambíguo? Então, aguente!

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publicado às 15:14

Elas! - Uma História de Amor.

por slade, em 05.08.19

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https://www.online-literature.com/wellshg/2881/

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publicado às 14:37

V H

por slade, em 02.08.19

A grandiosidade como forma de vida:

A imagem -

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A obra -

Les Misérables

"A imensidão pelos olhos totalmente abrangentes de um gigante magnânimo."

É isso - e é tudo.

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publicado às 14:53

E, pelo meio, a presença na mais inenarrável de todas as franchises (não nomeável por questões de saúde pública), onde aparenta fazer o mesmo - porém com resultados completamente diferentes.

Este mundo pode ser mesmo muito estranho.

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publicado às 11:52

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