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Sempre que uma canção passa por nós e a perdemos de vista, acreditamos firmemente que acabará por voltar. Pura ilusão! – Se tal vier a ocorrer, como o movimento obstinado das vastas águas do rio, que nunca passam duas vezes pelo mesmo local, já não vai encontrar a mesma pessoa, pelo que, com toda a certeza, já não é a mesma canção.
Foram dias de catarse. Catarse esperada, de tão necessária. Dias ansiados. Finalmente, o Monstro deu o flanco e da sua trupe veio a iniquidade das iniquidades. Os Lideres da Nação indignaram-se e deixaram o devido rasto, para que qualquer um pudesse perceber. O juiz conselheiro 1 (também conhecido por Super Juiz MP), espertalhaço vezes dois, viu tudo e mais além, e pediu pena máxima. O Grande Outro (também conhecido por juiz conselheiro 2 ou Super dos Superes Juízes) anuiu e, pronto, já está. Desta já nos livrámos.
Uma Lei justa, quando combatida, vence, não esmaga. Assim me ensinaram. É o que queria para mim. Educado por tipos como Bobby Fuller, morto há 50 anos em condições ainda por apurar. Tinha 23 anos. Gostava de provocar e tinha tendência para ir longe demais. Afinal, viveu e morreu jovem. Nada de mais. É da maior indecência, mas acontece aos melhores, desde sempre.
Nada nos impede de sonhar o melhor, sabendo-o impossível. Brancos, pretos, azuis, homens, mulheres, engravatados, mal vestidos, vestidos de forma casual, pistoleiros e pistoleiras, estas com pistolas de brincar. Errar é um estímulo básico; provocar antecede-o; julgar é uma necessidade; decidir pelo excesso é uma escolha, tal como perdoar, ou tentar julgar justamente. A excepção exige das instituições prudência, o exemplo deve ser sinónimo de comedimento. É o caminho indicado pelos Mestres. Caso contrário, porque as instituições são geridas por homens, cai-se facilmente na arbitrariedade, que não é exemplo nenhum, é apenas estupidez. Outros diriam moralismo, e isso não é verdade, pois este só é estúpido quando é exagerado, quando se pretende exemplar. Morais são todos, enfim, quase todos.
Mais: o Homem sonha-se forte mas sabe-se fraco, e por essa razão tende a fazer dos fracos os exemplos que de tempos a tempos precisa, pois muito naturalmente teme os mais fortes e nas fraquezas expostas dos fracos receia ver, a cada instante, as suas fragilidades reflectidas. Fingir que não se sabe o óbvio é precisamente isso: ver o outro, figura ambígua mas total, como um potencial espelho. Temor sem definição.
E claro que de fortes e fracos reza qualquer História, não raras vezes iludindo as circunstâncias em causa, ou esquecendo que não há fortes nem fracos perante o abismo da Morte, ou que os factos são o que são, não o que servem.
Em resumo: exibir o exemplo é a necessária catarse da espécie | evitá-lo, é a necessidade de uma qualquer instituição, pois também disso somos capazes, de criar instituições que nos protegem de nós próprios.
Sim, estou a falar de sportinguisses e de vândalos…
Que a Lei vença e não esmague. Não é pedir muito.
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