Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Morreu o homem que dizia que a mentira é mais fascinante que a verdade.
Uma pergunta tão ilógica quanto necessária: pode um final ser melhor que o de Straight Story? Apetece responder que não. Nem o final de um filme, nem o final de Straight Story (ordem desnatural e inequívoca).
Dois rostos como dois poemas imemoriais. Olhares que se cruzam tenuemente, mas que se sustentam no que está para lá do reencontro, ou seja, na memória e na perturbação dessa memória. O diálogo minimal a dois tempos, distantes senão opostos: Pela simples funcionalidade – “Lyle! Estás aí?”, e posteriormente, “Alvin – Senta-te.” / Pela infinita (sublime) compreensão – “Vieste todo o caminho no corta-relva para me ver?”, "Sim, Lyle." Depois a câmara que se eleva do dia solarengo para a noite estelar, elipse que numa primeira e fugaz mirada se pode prestar a equívocos de continuidade. Erradamente, claro, é apenas o equivalente (apostando no simbolismo contrário, da luz para o escuro para finalmente poder ver) ao esfregar de olhos que antecede a percepção da luz no escuro, o sortilégio da descoberta; o sol difunde, irradia, queima o olhar, e por isso mão permite ver pelo prisma da revelação. E a música (de Angelo Badalamenti), não centrífuga, não concentracionária, como se numa margem neutra de acontecimentos, a equilibrar perfeitamente. Por fim, o genérico.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.