Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Há filmes terríveis no nosso passado. Filmes que a cada necessária revisitação nos devolvem a esperança na humanidade. Ou seja, filmes verdadeiramente mágicos que um adulto que se preze deseja nunca ter visto. Todos temos as nossas adições, na verdade...
Música e cinema, música no cinema; a parcimónia como método para a (absoluta) funcionalidade:
Eclesiastes, 11:9: Alegra-te, jovem, na tua mocidade. Mas para isso não te apaixones. E livra-te da intervenção dos teus pais sempre que possas. Sobretudo não te apaixones. Caso incumpras, espera-te uma de duas: desfalecimento ou loucura. Lá pelo meio, pela voz aflautada da fabulosa Barbara Loden, ouve-se algo assim: ”Um dia vais descobrir, e então que Deus te proteja.”
Claro que o percurso destes jovens se baseia naquele incumprimento específico, pois caso contrário não haveria filme. Natalie Wood e Warren Beatty. Qual deles vai enlouquecer primeiro?
Quanto ao filme, está para lá de qualquer análise: de qualquer necessidade, entenda-se… Por isso temos de ficar por aqui, quando mal havíamos começado. Às vezes tem de ser assim.
(pintura: L'Origin du monde, de Gustave Courbet)
Em caso de dúvida deve-se gostar do cinema de Catherine Breillat. E isso porque entende o campo das imagens como um espaço central de afirmação da mulher como entidade independente e sexual. As dúvidas e, se quisermos, perplexidades das suas personagens existem como evidência para o mais do que atempado (e necessário) contraditório ao status que impõe a mulher como ser a purificar. Breillat é mulher e acredita na penetração e na busca do prazer - e não como elemento de resposta, mas de descoberta e posterior certificação. No mundo sonhado por Breillat, talvez a menina de dezoito anos devesse aguardar calmamente no quarto pelo seu futuro primeiro amante, que entraria pela mão da sua mãe. Não acontecendo assim, tal rapariga tem de partir à descoberta. E parte. Mas talvez exageremos na premissa.
Dito isto, foi-nos dado a perceber que uma parte substancial - para não dizer a maior - da sua fama na França natal resulta do seu trabalho como escritora. Tentámos, e foi uma aterradora desilusão. Escreve ao contrário do que filma. Verte palavras que não são emoções ou sequer necessidades. É académica sem ser astuta. Escreve bem, mas é como se se dirigisse a uma plateia acabada de sair de um baile de máscaras. Os risos, a existirem, vão para o lado e degeneram em tosse. Faz (de forma errada) na literatura o que Jean-Claude Brisseau faz (e neste caso muito bem) no cinema. Intelectualiza o sexo.
Mas no cinema, quanto ao sexo, por assim dizer, cerebralizado, temos a hipótese do corpo mostrado para criar a distância, o pólo de oposição, ‘eis o corpo, agora pleno e belo e em breve fora do seu território, mas ainda belo’. A imagem permite a objectivação do contraste entre esses dois olhares: corpo exposto – filosofia do sexo.
Na escrita de Breillat, a hipótese filosófica não funciona, perde-se em si própria e, sem poder ter o corpo do seu lado, apenas revela pedantismo; e passadas algumas páginas o leitor começa a irritar-se; ao fim de trinta já não lhe perdoa e fecha o livro. Foi o que nos aconteceu…
Com um pequeno-grande bónus: o vídeo também é da sua autoria.
Definitivamente o homem-Lynch tem jeito para uma série de coisas:
Ao contrário do que acontece quando vejo cinema, na música nunca me incomodou que me passassem a mão pelo lombo...
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.